O objetivo deste artigo é mostrar de maneira objetiva, as alterações feitas na ortografia da língua portuguesa pelo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, assinado em Lisboa, em 16 de dezembro de 1990, por Portugal, Brasil, Angola, São Tomé e Príncipe, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e, posteriormente, por Timor Leste.
O Acordo é meramente ortográfico; restringindo à língua escrita e não afeta em nenhum aspecto da língua falada. Ele também não elimina todas as diferenças ortográficas observadas nos países que têm a língua portuguesa como idioma oficial, mas é um grande passo em direção à pretendida unificação ortográfica desses países.
ALFABETO
O Alfabeto agora passa a ser oficialmente formado por 26 letras.
O 'k', 'w' e 'y' não eram consideradas letras do nosso alfabeto.
O alfabeto completo passa a ser:
A B C D E F G H I J
K L M N O P Q R S
T U V W X Y Z
As letras k, w e y, existiam na maioria dos dicionários da língua portuguesa e eram usadas em várias situações:
- na escrita de símbolos de unidades de medida, tais como km (quilômetro), W (watt), kg (quilograma);
- Em nomes estrangeiros (e seus derivados): show, playboy, playground, windsurf, kung fu, William, kaiser.
Não se usa mais o trema (¨), sinal antes colocado sobre a letra u para indicar que ela deve ser pronunciada nos grupos gue, gui, que, qui.
Antes do Acordo Depois do Acordo
Antes do Acordo Depois do Acordo
agüentar | aguentar |
argüir | arguir |
bilíngüe | bilíngue |
cinqüenta | cinquenta |
delinqüente | delinquente |
eloqüente | eloquente |
ensangüentado | ensanguentado |
eqüestre | equestre |
freqüente | frequente |
lingüeta | lingueta |
lingüiça | linguiça |
qüinqüênio | quinquênio |
sagüi | sagui |
seqüência | sequência |
seqüestro | sequestro |
tranqüilo | tranquilo |
OBSERVAÇÃO: o trema continua aparecendo nas palavras estrangeiras e em suas derivadas.
Exemplos: Müller, mülleriano.
Exemplos: Müller, mülleriano.
NOVAS REGRAS DE ACENTUAÇÃO
1. Não se usa mais o acento dos ditongos abertos éi e ói das palavras paroxítonas que são palavras que têm acento tônico na penúltima sílaba.
1. Não se usa mais o acento dos ditongos abertos éi e ói das palavras paroxítonas que são palavras que têm acento tônico na penúltima sílaba.
Antes do Acordo | Depois do Acordo |
alcalóide | alcaloide |
alcatéia | alcateia |
andróide | androide |
apóia | (verbo apoiar)apoia |
apóio | (verbo apoiar)apoio |
asteróide | asteroide |
bóia | boia |
celulóide | celuloide |
clarabóia | claraboia |
colméia | colmeia |
Coréia | Coreia |
debilóide | debiloide |
epopéia | epopeia |
estóico | estoico |
estréia | estreia |
estréio (verbo estrear) | estreio |
geléia | geleia |
heróico | heroico |
idéia | ideia |
jibóia | jiboia |
jóia | joia |
odisséia | odisseia |
paranóia | paranoia |
paranóico | paranoico |
platéia | plateia |
tramóia | tramoia |
ATENÇÃO:
Essa regra é válida somente para palavras paroxítonas. As palavras oxítonas continuam sendo acentuadas e os monossílabos tônicos terminados em éis e ói(s).
Exemplos: papéis, herói, heróis, dói (verbo doer), sóis entre outros.
2. Nas palavras paroxítonas, não se usa mais o acento no i e no u tônicos quando vierem depois de um ditongo.
Antes do Acordo | Depois do Acordo |
baiúca | baiuca |
bocaiúva | bocaiuva |
cauíla | cauila |
ATENÇÃO:
- se a palavra for oxítona e o i ou o u estiverem em posição final (ou seguidos de s), o acento permanece. Exemplos: tuiuiú, tuiuiús, Piauí;
- se o i ou o u forem precedidos de ditongo crescente, o acento permanece. Exemplos: guaíba, Guaíra.
3. Não se usa mais o acento das palavras terminadas
em êem e ôo(s).
Antes do Acordo | Depois do Acordo |
abençôo | abençoo |
crêem (verbo crer) | creem |
dêem (verbo dar) | deem |
dôo (verbo doar) | doo |
enjôo | enjoo |
lêem (verbo ler) | leem |
magôo (verbo magoar) | magoo |
perdôo (verbo perdoar) | perdoo |
povôo (verbo povoar) | povoo |
vêem (verbo ver) | veem |
vôos | voos |
zôo | zoo |
4. Não se usa mais o acento que diferenciava os pares pára/para, pólo(s)/polo(s), péla(s)/pela(s), pêlo(s)/pelo(s) e pêra/pera.
Antes do Acordo | Depois do Acordo |
Ele pára o carro. | Ele para o carro. |
Ele foi ao pólo Norte. | Ele foi ao polo Norte. |
Ele gosta de jogar pólo. | Ele gosta de jogar polo. |
Esse gato tem pêlos brancos. | Esse gato tem pelos brancos. |
Comi uma pêra. | Comi uma pera. |
ATENÇÃO:
- Permanece o acento diferencial em pôde/pode. Pôde é a forma do passado do verbo poder (pretérito perfeito do indicativo), na 3ª pessoa do singular. Pode é a forma do presente do indicativo, na 3ª pessoa do singular.
Exemplo:
Ontem, ele não pôde sair mais cedo, mas hoje ele pode.
- Permanece o acento diferencial em pôr/por. Pôr é verbo. Por é preposição. Exemplo: Vou pôr o livro na estante que foi feita por mim.
- Permanecem os acentos que diferenciam o singular do plural dos verbos ter e vir, assim como de seus derivados (manter, deter, reter, conter, convir, intervir, advir etc.).
Exemplos:
Exemplos:
Ele tem dois carros. / Eles têm dois carros.
Ele vem de Sorocaba. / Eles vêm de Sorocaba.
Ele mantém a palavra. / Eles mantêm a palavra.
Ele convém aos estudantes. / Eles convêm aos estudantes.
Ele detém o poder. / Eles detêm o poder.
Ele intervém em todas as aulas. / Eles intervêm em todas as aulas.
- É facultativo o uso do acento circunflexo para diferenciar as palavras forma/fôrma. Em alguns casos, o uso do acento deixa a frase mais clara. Veja este exemplo: Qual é a forma da fôrma do bolo?
5. Não se usa mais o acento agudo no u tônico das formas (tu) arguis, (ele) argui, (eles) arguem, do presente do indicativo dos verbos arguir e redarguir.
6. Há uma variação na pronúncia dos verbos terminados em guar, quar e quir, como aguar, averiguar, apaziguar, desaguar, enxaguar, obliquar, delinquir etc. Esses verbos admitem duas pronúncias em algumas formas do presente do indicativo, do presente do subjuntivo e também do imperativo.
Veja:
- Se forem pronunciadas com a ou i tônicos, essas formas devem ser acentuadas.
Verbo enxaguar: enxáguo, enxáguas, enxágua, enxáguam; enxágue, enxágues, enxáguem.
Verbo delinquir: delínquo, delínques, delínque, delínquem; delínqua, delínquas, delínquam.
- Se forem pronunciadas com u tônico, essas formas deixam de ser acentuadas.
A vogal sublinhada é tônica, isto é, deve ser pronunciada mais fortemente que as outras:
Verbo enxaguar: enxaguo, enxaguas, enxagua, enxaguam; enxague, enxagues, enxaguem.
Verbo delinquir: delinquo, delinques, delinque, delinquem; delinqua, delinquas, delinquam.
Verbo enxaguar: enxaguo, enxaguas, enxagua, enxaguam; enxague, enxagues, enxaguem.
Verbo delinquir: delinquo, delinques, delinque, delinquem; delinqua, delinquas, delinquam.
ATENÇÃO:
No Brasil, a pronúncia mais corrente é a primeira, aquela com a e i tônicos.
No Brasil, a pronúncia mais corrente é a primeira, aquela com a e i tônicos.
USO DO HÍFEN EM COMPOSTOS
1. Usa-se o hífen nas palavras compostas que não apresentam elementos de ligação. Exemplos: guarda-chuva, arco-íris, boa-fé, segunda-feira, mesa-redonda, vaga-lume, joão-ninguém, porta-malas, porta-bandeira, pão-duro, bate-boca.
*Exceções: Não se usa o hífen em certas palavras que perderam a noção de composição, como girassol, madressilva, mandachuva, pontapé, paraquedas, paraquedista, paraquedismo.
2. Usa-se o hífen em compostos que têm palavras iguais ou quase iguais, sem elementos de ligação. Exemplos: reco-reco, blá-blá-blá, zum-zum, tico-tico, tique-taque, cri-cri, glu-glu, rom-rom, pingue-pongue, zigue-zague, esconde-esconde, pega-pega, corre-corre.
3. Não se usa o hífen em compostos que apresentam elementos de ligação.
Exemplos: pé de moleque, pé de vento, pai de todos, dia a dia, fim de semana, cor de vinho, ponto e vírgula, camisa de força, cara de pau, olho de sogra.
Incluem-se nesse caso os compostos de base oracional.
Exemplos: maria vai com as outras, leva e traz, diz que diz que, deus me livre, deus nos acuda, cor de burro quando foge, bicho de sete cabeças, faz de conta.
Exemplos: maria vai com as outras, leva e traz, diz que diz que, deus me livre, deus nos acuda, cor de burro quando foge, bicho de sete cabeças, faz de conta.
* Exceções: água-de-colônia, arco-da-velha, cor-de-rosa, mais-que-perfeito, pé-de-meia, ao deus-dará, à queima-roupa.
4. Usa-se o hífen nos compostos entre cujos elementos há o emprego do apóstrofo. Exemplos: gota-d'água, pé-d'água.
5. Usa-se o hífen nas palavras compostas derivadas de topônimos (nomes próprios de lugares), com ou sem elementos de ligação.
Exemplos:
Porto Alegre - porto-alegrense
Mato Grosso do Sul - mato-grossense-do-sul
Rio Grande do Norte - rio-grandense-do-norte
África do Sul - sul-africano
6. Usa-se o hífen nos compostos que designam espécies animais e botânicas (nomes de plantas, flores, frutos, raízes, sementes), tenham ou não elementos de ligação.
Exemplos:
bem-te-vi, peixe-espada, peixe-do-paraíso, mico-leão-dourado, andorinha-da-serra, lebre-da-patagônia, erva-doce, ervilha-de-cheiro, pimenta-do-reino, peroba-do-campo, cravo-da-índia.
Obs.: não se usa o hífen, quando os compostos que designam espécies botânicas e zoológicas são empregados fora de seu sentido original. Observe a diferença de sentido entre os pares:
a) bico-de-papagaio (espécie de planta ornamental) - bico de papagaio (deformação nas vértebras).
b) olho-de-boi (espécie de peixe) - olho de boi (espécie de selo postal).Uso do hífen com prefixos
As observações a seguir referem-se ao uso do hífen em palavras formadas por prefixos (anti, super, ultra, sub etc.) ou por elementos que podem funcionar como prefixos (aero, agro, auto, eletro, geo, hidro, macro, micro, mini, multi, neo etc.).
OUTROS CASOS
1. Usa-se o hífen diante de palavra iniciada por h.
Exemplos:
anti-higiênicoExemplos:
anti-histórico
macro-história
mini-hotel
proto-história
sobre-humano
super-homem
ultra-humano
2. Usa-se o Hífen se o prefixo terminar com a mesma letra com que se inicia a outra palavra.
Exemplos:
micro-ondasExemplos:
anti-inflacionário
sub-bibliotecário
inter-regional
3. Não se usa o hífen se o prefixo terminar com letra diferente daquela com que se inicia a outra palavra. Exemplos:
autoescolaantiaéreo
intermunicipal
supersônico
superinteressante
agroindustrial
aeroespacial
semicírculo
* Se o prefixo terminar por vogal e a outra palavra começar por r ou s, dobram-se essas letras.
Exemplos:
minissaiaExemplos:
antirracismo
ultrassom
semirreta
Exceção: guarda-roupa, apesar de terminar com vogal e o segundo elemento começar com r neste caso não se usa guardarroupa, o r não se duplica, porque guarda não é um prefixo é uma palavra, uma forma verbal e portanto, fora desta regra.
CASOS PARTICULARES
1. Com os prefixos sub e sob, usa-se o hífen também diante de palavra iniciada por r.
Exemplos:
sub-regiãoExemplos:
sub-reitor
sub-regional
sob-roda
2. Com os prefixos circum e pan, usa-se o hífen diante de palavra iniciada por m, n e vogal.
Exemplos:
circum-murado
circum-navegação
pan-americano
Exemplos:
circum-murado
circum-navegação
pan-americano
3. Usa-se o hífen com os prefixos ex, sem, além, aquém, recém, pós, pré, pró, vice.
Exemplos:
além-marExemplos:
além-túmulo
aquém-mar
ex-aluno
ex-diretor
ex-hospedeiro
ex-prefeito
ex-presidente
pós-graduação
pré-história
pré-vestibular
pró-europeu
recém-casado
recém-nascido
sem-terra
vice-rei
4. O prefixo co junta-se com o segundo elemento, mesmo quando este se inicia por o ou h. Neste último caso, corta-se o h. Se a palavra seguinte começar com r ou s, dobram-se essas letras.
Exemplos:
coobrigaçãoExemplos:
coedição
coeducar
cofundador
coabitação
coerdeiro
corréu
corresponsável
cosseno
5. Com os prefixos pre e re, não se usa o hífen, mesmo diante de palavras começadas por e.
Exemplos:
preexistente
preelaborar
reescrever
reedição
Exemplos:
preexistente
preelaborar
reescrever
reedição
6. Na formação de palavras com ab, ob e ad, usa-se o hífen diante de palavra começada por b, d ou r.
Exemplos:
ad-digital
ad-renal
ob-rogar
ab-rogar
Exemplos:
ad-digital
ad-renal
ob-rogar
ab-rogar
OUTROS CASOS DO HÍFEN
1. Não se usa o hífen na formação de palavras com não e quase. Exemplos:
(acordo de) não agressão
(isto é um) quase delito
2. Com mal*, usa-se o hífen quando a palavra seguinte começar por vogal, h ou l.
Exemplos:
mal-entendido
mal-estar
mal-humorado
mal-limpo
Exemplos:
mal-entendido
mal-estar
mal-humorado
mal-limpo
* Quando mal significa doença, usa-se o hífen se não houver elemento de ligação. Exemplo: mal-francês. Se houver elemento de ligação, escreve-se sem o hífen. Exemplos: mal de lázaro, mal de sete dias.
3. Usa-se o hífen com sufixos de origem tupi-guarani que representam formas adjetivas, como açu, guaçu, mirim.
Exemplos:
capim-açu
amoré-guaçu
anajá-mirim
Exemplos:
capim-açu
amoré-guaçu
anajá-mirim
4. Usa-se o hífen para ligar duas ou mais palavras que ocasionalmente se combinam, formando não propriamente vocábulos, mas encadeamentos vocabulares.
Exemplos:
ponte Rio-Niterói
eixo Rio-São Paulo
Exemplos:
ponte Rio-Niterói
eixo Rio-São Paulo
5. Para clareza gráfica, se no final da linha a partição de uma palavra ou combinação de palavras coincidir com o hífen, ele deve ser repetido na linha seguinte.
Exemplos:
Exemplos:
Na cidade, conta-se que ele foi viajar.
O diretor foi receber os ex-alunos.
Fonte:http://michaelis.uol.com.br/novaortografia.php
Fonte:http://michaelis.uol.com.br/novaortografia.php
Nenhum comentário:
Postar um comentário